terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Mãe!

Mãe! Embala-me o sono para adormecer,
As palavras brincam com os pensamentos,
Que me trazem aurora a correr,
Fluem em mim como tormentos
Que me fazem padecer.
Mãe! Carrego em mim o sufoco respirado,
Que transporto diariamente,
Como se o diabo me tivesse agarrado!
Exprimo na minha face o descontentamento.

Para ti, quem me ouve.

Teu coração ainda pequenino,
cheio de sentimentos de amor
numa espontaneidade de menino
emoções que transbordas de flor em flor,
Desabrochaste na luz do teu berrar,
como um sinal que deste,
o Universo ouviu-te falar
da viagem que fizeste.

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Latimpoli dos Santos


Passeias devagar sem nada,
Ao relento da paisagem
Esbotenada na ampla
Visão de uma triagem.
Corres sobre a beira do monte,
Esbanjada de um sentimento sublime,
A luz espelhada na fonte,
Reflecte a imagem do horizonte.

Perpétua musicalidade,
Que corrompe os teus ouvidos
Em sons tão bem definidos,
Na hora da eternidade.
Criação de ensejos permitidos,
Em fecundas emoções de raridades,
Nos olhares profundos contraidos
De verdades enrubescidos.


Poesias Inéditas


Cito Pessoa o conveniente,
Que faz das suas palavras o induvidável…
…Versos que trago na mente,
Orações do inquestionável.
Jaz o tempo em que criou,
A mensagem impremutável,
Que a Deus procriou
A razão que em si findou.

Felício o canto que se fez soar,
No vento que o embalou,
Pairado no pranto de encantar,
No sorriso da alma se prosperou.


Latimpoli dos Santos


Ruinas do velho mundo,
Poisado nos olhares do rebento
Profundo da voz que há proclamado,
No silêncio da tarde do fomento.
Desceu sobre ela o pano anunciado,
Que cobriu o Sol de tormento
Latimpoli dos Santos


A sombra esculpida na parede
Que reflecte a alma perdida
Da voz trazida pelo vento
Que escreve o sentimento isento
Do sopro feroz que anúncia
O desfalecer que pronúcia
A morte do poeta
Zelado pela palavra cavada e concreta.

Faz vento que amansou o Ocidente,
Das velas que se altearam
Da proa do Oriente
Fazem-se sonhos que gritaram.
Desceu a cortina do Poente,
Naufragada na história findaram
As lutas de Oriente a Ocidente
Escritas na alma luzente.


Poesias Inéditas


Pronúnciei as palavras que senti,
No amâgo sentido do ser
Do equilibrio com que me premiti
Viver na consciência do querer,
Espandido pelos poemas que fiz
Nas frases que escrevi a correr
Como pedaços de mim de aprendiz,
Fiz sonetos com que me cobri.

Jaz na aurora seguinte,
Fez-se luz do Sol anunciado
Que me cobriu da alma um pedinte
Que se havia proclamado.
Fundiu-se a chama da vida,
Do abraço estimulado
Num sentimento contraido na alma crivado.
Latimpoli dos Santos

IX

Na aspiração do entendimento
Circundam as chagas
Do chamamento da ante
Visão das almas e das tramas.
Do embalo da vida
Prometida da ocultada
Dor trazida no seio
Da alma embalada.

Intensa, a luz que brilha,
Na opaca e cinzenta melodia;
Os olhos nela se reflecte
Da emoção que vai na alma inerte.
Ternura de caricias leves,
Num sentimento profundo,
Onde habitas tu e descreves
A mágoa fingida do mundo.


Poesias Inéditas


Imersa, pálida e funesca aurora,
De cantos ingremes afamada,
Que trás na hora calada,
A noite submersa de outrora.
A rosa que aflorou descarada,
Cheia de brilho namora
As mãos que agarraram corada,
Choraram a pétala desabrochada.

Fiz dos sonhos as preces dos meus ouvidos,
Carregado de mundos fecundos
Feito de caminhos divididos
Nas entraves do ser profundo.
Vivi na ansiedade da alma,
Feita de sorrisos abertos
Da chama que induzia a calma
No estado sentido de palma.
Latimpoli dos Santos


O apócaliptico sentido de
Ter tido comigo o desejo escondido
Do cortejo perferido, da
Dor que amansarda a alma
Com a destreza da calma de ter
Trazido na esperança
O olhar que alcança
Do horizonte pretendido.

Da força contida de apazigua
Ferida, sentida no seio contraida,
Pela razão ocultada e
Permitida, da não partilha por quêm
Importa a ofuscada sensação de se
Permitir sentir a dor que há-de afligir
A reacção da emoção comprimida


Poesias Inéditas


Extraio de mim
O silêncio para o mundo,
No sucumbir das palavras
Do profundo desgosto afim.
Arrependido estou do silêncio
Acatado, no infesto coração
De fundo sentimento promulgado,
Na hora tardia de fingimento.

Hora perdida na adormecida exaustão,
Do estar inquieto no mundo
No sonegado amor profundo,
Saido das minhas mãos.
Prevalecido grito do Universo
Que ecoo-a de controverso,
Na razão do pensamento
Do ensoberbimento ser.




Dentro da fusão contraida
Latimpoli dos Santos


…Tudo o resto é brisa que passa e não
Deixa marca, é a lenha que arde e se
Transforma em cinza, é a complacente
Desventura da alma que perdura no
Universo abstracto, é a luz que postam
Ao vento do adjacente inglório.
É o olhar ofuscado da raiz contemplado
Da vinha que adorna
A mente do sentido aprumado.

O sorriso inerente da pureza acatado na
Vida condescendente do florescimento
Desabrochado, durante os anos talhado
No crescimento sossegado
De um equilibrio pateado.



Poesias Inéditas


O trago da vida absorvido na alma
Compelido do apelado desejo de ter
Trazido no abismo o ensejo
Do caminho luzente.
A imagem perdeu-se no tempo
Desgastada, abandonada, o sentimento
Fingido das palavras vacilantes de uma
Face escondida da vergonha ocultada
Dentro da alma silênciada por lutas
Internas desbastada,
De incertezas abafadas.
Poesias Inéditas


Ventos soprados de emaranhadas
Vozes, trazidas dos céus imaculados,
Das almas enternecidas, do silêncio
Derramado,a carretado no seio da mente
Da Alma complacente
Deste momento aterrado.
No clamor ofuscado de ocultada dor,
Da erosiva compleição do amor imprudente
De fôlego concludente na mentira e na razão.

Na luz intensa,
De um aclamado desejo
Escrito nas achas que trama
No ardor que antecedo.
Raiz do pensamento que exalo
Traída na dor do ensejo
Da sujeição fingido
No sonegado olhar corrosivo.
Poesias Inéditas

VIII

A luz vindoura que abre a noite
Cheia de pensamentos fugida,
De imagens enternecida
Das palavras fechadas da coite,
A suspensa voz envolvida
De adágios acarretadas de afoite,
A razão dela, contraída e empolgada,
Que trazes no infesto coração calada.

A névoa que em teus olhos baça,
Abarcava a voz de desejo
Insidiada pelo ensejo
De te veres enlaçada,
A verdade que em ti prevejo
Oculta de silêncios planeada,
Esculpida no rosto
Do opaco olhar de desgosto.



Latimpoli dos Santos


No olvido que a verdade consagrou,
Por detrás da vida ensombrado
O nada que declamou
Do estar profanado,
As palavras que segredou
Do espírito acatado,
Na sua inteira e faustosa
Plena feição grandiosa.

O mar jazido e absoluto
Que traz a alma de um rosto,
Embrenhado na história de culto
No findar quinhentista de acosto,
O povo celso de sangue pulso
Transporta em si cravado no rosto,
O estigma da descoberta consagrada
No leito da nação da cruzada.


Latimpoli dos Santos


No olvido que a verdade consagrou,
Por detrás da vida ensombrado
O nada que declamou
Do estar profanado,
As palavras que segredou
Do espírito acatado,
Na sua inteira e faustosa
Plena feição grandiosa.

O mar jazido e absoluto
Que traz a alma de um rosto,
Embrenhado na história de culto
No findar quinhentista de acosto,
O povo celso de sangue pulso
Transporta em si cravado no rosto,
O estigma da descoberta consagrada
No leito da nação da cruzada.
Latimpoli dos Santos


Percorre na minha alma
O vão incerto desejo,
De fundir o amor que vejo
Na luz da intensa chama.

Em ti tomaste
As importadas horas,
De que fui preso e denunciaste,
O amor que por ti sinto agora.

No longínquo olhar me tornaste,
Por detrás das paredes frias,
O silêncio acarretaste
Na mágoa que fingias.



Poesias Inéditas


Alambicasse eu todo o universo;
Real do meu estado controverso.
De entendimentos vazados,
Na alma imperados.

Tivesse eu a força de converter,
Toda a realidade pautada,
Nas linhas das mãos cruzada
Como forma de parecer.

Fosse eu a esperança contida,
Da voz de mim reconhecida
Da chama conduzida,
No vivente aprumada.



Latimpoli dos Santos


O amor é a loucura,
Do sentimento colorido,
Na eterna abertura
Do olhar corrosivo.

É um sentimento luzente,
De sensação de devaneio,
É a estirpe que adoça a mente
Numa turbulenta ideia.

O afanado doce e calmo gesto,
Trazido no seio do ventre,
Corre isento e veste
O amor perdido e crente.




Poesias Inéditas


Na hora imperial da luz golpeante,
Onde todo o reino se edifica,
Por detrás do olhar se reflicta
A palavra julgada e galopante.

Exacerbado prazer de deslumbramento,
Alvejado no olhar dissolvido
Apazigua dor provido
No incerto descontentamento

Segredo de sentimentos apoiada
Onde habitam os pensamentos perdidos,
Ataúde dela lacrada
De instantes distraídos.



Latimpoli dos Santos


Amo a realidade que esculpo
Cavada do pensamento,
Escrita em verso de vulto
Da verdade do sentimento.

Cúmplice manhã de frias palavras
Cortejadas pelos ventos outonais
Despidas árvores amargas
Do som dos vendavais.

Delineada dor que cortejo,
Naufragada nas mãos
Do profundo amor que invejo,
No encoberto ser da razão.
Latimpoli dos Santos


Rejubilo prazer ostensivo,
De rosas emancipadas,
No deslumbre imperativo
Da noite, a fadada.

Colhi a flor que Lúcifer me albergou
Pregada no meu infesto coração,
Onde repulsa a alma que criou,
Aonde jazia a bondade de arpão.

Nas trémulas imagens lembradas,
Corria a dolorosa sensação
De perde-las na entreabras
Da Penélope razão.



Poesias Inéditas

VII

De insignes sonhadores
Se abastarda o mundo,
Criado por pensadores,
Por poetas de prumo.

Cosmos de belfo açuda,
Entre as grades da criação,
Da confraria que aduza
O vaticino embrião.

Choro da vida,
Do estimulo concluída,
No olhar de ar regado,
Da alegria anunciado.



Latimpoli dos Santos


Crispo que o tempo afagou,
Na inclemência que aclamou
Como marcas da primazia,
Do ciclo de safira.

Noite vindoura cosmopolita,
Vista pelo orifício de sátira
De grandes personagens construída,
Polida na abalroada flandrina.

Vozes recônditas de desalento,
Abismadas, cheias de talento
Naufragada voz de verdades
Ultimas vaidades.




Poesias Inéditas


Gentes perdidas
Nos olhares fundos e entendidas
De concretos, desertos definidos,
Parados e inobservados.

Dar ás coisas um sentido,
É ve-las vivas aproximado,
Na minha alma consinto
A dor que tenho acarretado.

Céus de lume ardente,
Reflectido no deslumbramento
Mergulho do incandescente
Afeiçoado com o alento.
Latimpoli dos Santos


Se a Deus privassem
De sentir a dor que nele vejo?
Que da euforia consagrassem
O desarrolho das mãos do ensejo.

No cumprimento dos dissabores,
Enfurecidos de desarvores,
Criando a insensatez plausível
Da dor nele visível.

No pensamento prudente
Dos desígnios da dor,
Da alma concludente
Caligrafada com fervor.


Poesias Inéditas


Das lágrimas invejo o mundo
Do ser profundo,
Sorriso da criança
Que dentro de ti abraça.

De pensamentos visíveis
Combatíveis com a dor,
Das lágrimas que escorro
Nas palavras com amor.

Tornei-me no vão escritor,
Que das palavras sentiu a dor
Que do pensamento fingido fiz
Da postiça que outrora redigi.



Latimpoli dos Santos


Quão loucas são as palavras
Que espelhei no quadro,
Que cri de eternas falsas
Frases, onde não me deparo.

Creio em mim quando ninguém crê;
Olhei-me nos versos que fiz,
Como lapides memoriais dês
Do fundo de mim com que me cobri.

Eco das palavras constantes,
De um cavo e profundo assombro
Dos reboados e anunciantes,
Pecados que proclamo.



Poesias Inéditas


Folhas secas de Outono.
Caídas na relva que sustenta,
O Inverno e o seu retorno,
Com o frio das manhãs que aparenta.

Pedra intacta de movimento.
Ruas ao abandono cobertas pelo frio,
Canto do galo sobre o rio repleto de intento,
E abafo-me com o que sorri.

Ausentei-me da vida por instantes,
Seguido pelo silêncio caminhante,
Entrei no limiar da minha consciência,
Vasculhando a saudosa reminiscência.

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Poesias Inéditas


Culpados sois da vossa irmandade,
Esculpida no livro mordaz,
Sem que tenha alguma contiguidade
Não sois isentos e capazes,

Ser-vos-á lançada a palavra
Que outrora rejeitastes,
Dir-vos-ão em modo aba
Para que na ida levasses.

Longos são os mares que amarinham;
As forças que se vão esgotando,
Dos homens firmes que caminham
Para a terra que nos vai aguardando,


Latimpoli dos Santos

A vela se vai resguardando
Para uma tempestade que vem
D. João vai comandando
Os poucos homens que tem.

A alma que chorou o canto,
Deu voz á alegria,
Olhou para o céu suplicando
Rezando o terço Avém Maria.

Na volta contida do embaraçoso,
Que trazia ao peito a esperança
Das palavras do enganoso
Conseguiu iludir a tansa

Assim se fez a vingança
De quem não ousa ser iludido
Com a nítida esperança
De quem jamais será vencido.


Poesias Inéditas


Num gesto majestoso de sabedoria,
Criou em si o saber da arte
Conforme em si ele queria
O império grandioso de pasmar te,

O desejo da conquista,
Que o levou á morte certa,
Tendo por base o ser egoísta
Dentro de si e concreta.

No reinado ele mandou,
Como um senhor altivo.
Dentro dele não sonhou
Por culpa do martírio.


Latimpoli dos Santos


Oh! Mar de ventos cruzados,
Que minha nau vai passar;
Carrego a bandeira dos contemplados
Jamais Portugal vai cessar

A terra que hei-de alcançar,
Carregará com ela o ser Lusitano,
A alma que vai continuar
Não será tirana nem ariana.

Juntos os homens contenderam,
Em terras antes desconhecidas,
Travaram batalhas enrubescidas
Onde erigiram e morreram.


Poesias Inéditas

III

As almas foram erguidas,
Em prata distinguidas,
A história foi elaborada;
Em livros doutorada.

A razão que o tempo acarretou,
Vinda do mar naufragado,
Traz a memória do homem que executou
Sem antes a ter narrado.

A luz que trazes ao peito,
Foi estendida pelo mar alto,
Entregue a nova grei por ti eleito
Portugal deixou o seu encalço.


Latimpoli dos Santos


O ilustre Lusitano,
Senhor de si e da imensidão,
Venceu muralhas do mundo arcano,
Tendo Portugal a gratidão.

As velas que a estibordo se altearam,
Cantaram sublimes o hino que herdaram,
Da pátria que neles se elevou
Transportando a grandeza que delineou.

O Soberano elevou a espada
Diante da armada proclamou;
O alento está contido na chama
Que a vossa honradez despertou.


Poesias Inéditas


A conquista se vai fazer
Arroste da terra perdida,
Nada nos vai deter
Enquanto bandeira erguida.

A noite da tibieza,
Trará a este nobre povo
A vitória Portuguesa
Que nascerá de novo.

Na noite em que a lusa jazia,
Deu-se a efémera luta;
Qual ficaria na alma que enalteceria
O Portugal que pulsa.


Latimpoli dos Santos


Na fecunda alvorada,
O cansaço já contemplava,
A nítida fraqueza
Da nau portuguesa.

Oh! Sol do longínquo horizonte,
Reflectivo nas águas do mar,
Do sentimento perdido
Nas profundezas d’arconte

No pensamento distante,
Onde permanecia a vontade,
Na alma do Infante
Que avistava o horizonte errante.


Poesias Inéditas


Da existência do poeta,
Onde escondia a verdade,
Indicia a memória concreta
Da cruz que carrega o estandarte.

Na linha cartográfica,
Que traçaria a vitória,
Na conquista da costa de Africa
Navegamos de glória em glória.

A morte atroz do delator,
Traz o mar ao colo,
Das palavras do escritor
Apavoradas pelo engomo.


Latimpoli dos Santos


A real companhia
Cheia de rancor e agonia,
Importa ao vento
A razão do pensamento.

A vida contida no regalo
Onde profetizaste a alma perdida,
Faz do ser o encéfalo,
Da génesis entendida.

Na incerteza do absoluto
Caminho na alucinação;
Da crueldade do luto
Da vida que transporto na mão.


Poesias Inéditas


No fulgor do teu pressentimento,
Que arde como a luz do vento,
Trazes no entendimento
O silencio que rompe o incenso.

Oh! Diva que me baloiças em teus braços,
No acolhimento íntimo do sentimento
Me livras dos embaraços;
Não sou isento da culpa do intento.

Criei a incensaria desculpa,
Que me leva a alma o vento
Com a subtil cor púrpura
Qual deslumbramento!?


Latimpoli dos Santos

IV

No vácuo ser que me tornei
Envolvi-te dentro de mim,
Mais logo despontarei;
Debelado e sem fim.

O infausto teocrático,
De suplicas efemérides
Da vida do eremítico
E evangelista encolerizardes.

Na submissa união,
Da mentira e da razão,
Sobressai o fosso
Da fauce do insidioso.


Poesias Inéditas


A imagem reflecte
Dentro do espelho de água,
O pensamento descreve
O estado emocional de magoa.

A lágrima retida no espírito
Como se fosse pecado ela sair,
Do corpo hesitante e contrito
Da gota que acaba por decair.

No findar da reflexão
Contraída no seu ser,
Esconde a cara nas mãos
Para a imagem não ver!


Latimpoli dos Santos


A memória, me trás o vento,
Neste deslumbramento,
De paisagem ancestral
No templo medieval.

Jaz no convento do templo,
A morte que anunciam,
As cruzes postas ao vento
Das rezas que se faziam.

Da suma sentença ostento
A morte que invento,
Na saga contemplo
A asserção do intento


Poesias Inéditas


Exaro em mim a flor,
Que inquiro no pensamento,
De estar fundido com a dor
Com a qual me atormento.

No dócil olhar da criança,
De prelúdios exuberados,
Dos sonhos apregoada
Em pensamentos meditados.

A bebedeira que transporto
Da vida que me encaminha,
Tal borracheira não desgosto
Da chama que me ilumina.


Latimpoli dos Santos


Oh! Mar pleno.
Quantos sorrisos acalmados?
Quantas forças em ti alagadas
Do adeus num aceno.

No ribombar da madrugada,
Enquanto o Sol vogava
Por entre as marés encorpadas,
A lua descia o véu que fundeava.

De proezas e fatalidades,
Se esculpiam as palavras,
Em historias devassadas,
Por complexas intelectualidades.


Poesias Inéditas


No volúvel instante d’alvor,
O grito imperante e afã,
Ecoava o clamor
Da despedida da luz e de ta dor.

Entre braços e gláudios,
Se espelhou a morte certa,
De homens honrados
Se fez Portugal a língua aberta.

Levamos connosco a musa,
Que avista em nós
O triunfo da glória enfuna,
Trazido na matriz de vós.


Latimpoli dos Santos


A voga maviosidade,
Do amor e da vaidade,
Empolada nesta dor
De bravio condor.

Irradiada no rosto
Da verdade ocultada,
De afáveis palavras recostada,
Na trémula voz de desgosto.

O pálido desconforto
De ver partir a dilecção,
Nu oco que comporto,
Dentro afeição.


Poesias Inéditas

V

O opulento chamava a si a razão
Cheio de pecados eleito,
Pereceram da alma o coração,
A voz que o quis ver perfeito.

No amor cegavam-se as palavras
Enxurradas de ternuras cindiam,
Na alma que as embaíam,
Na tortura da consagra.

Na confraria dos lordes,
Desfilavam a belas damas,
Cobertas de jóias e tramas
Qual o senhor do acorde?


Latimpoli dos Santos


Nos sabores da vitória,
Portugal trouxera a glória
Do povo distinto lusitano,
Perfilhado no mundo ariano.

Terra embevecida submetemos,
Por oceanos navegamos.
Por ventos e marés excedemos,
O povo lusitano vangloriamos.

Neste deslumbramento,
Da nau abraçada ao vento,
Vencendo o perigo e a morte
Com o intento e a sorte.


Poesias Inéditas


Da viagem que fizemos de tão longe
De revés alcançadas,
Com as mãos cheias de graça
Dos varões de alçadas.

A vi mera esperança
Da força e da destreza,
Incutidas nas gentes portuguesas
Da nau de alcança.

A esta vasta gente,
Senhores do oceano,
Devo o que me vai na mente
Como ser lusitano.


Latimpoli dos Santos


Calculamos os ventos traçados,
Em ataques dissimulados
Nas marés fortes e espinhosas,
Vencemos a batalha da grandiosa.

O céu de luz vindoura,
Ilumina de forma sublime,
Os homens sentados na proa,
Da nau de gentes firme.

De braços largos
Transpira a morte.
De lábios ornados,
E braço dado com a sorte;

Assim se faz a morte.


Poesias Inéditas


Se o amor que sinto
Com tamanha dor,
É o amor que minto
Com todo o ardor.

Isto que pressinto a correr,
É o amor combalido a doer.

A flor que colho no campo
Me inspira a vaidade,
De poder colhe-la no entanto,
Sem que minta de verdade.

A noite fria e amansada,
Trás o encanto afamada,
Espelhada no rio
E pelo universo lírio.


Latimpoli dos Santos


O vento que passa por mim,
Leva-me a idade a contemplar,
Com um aroma alecrim
Com tendência a findar.

A suave tentação
Que me deixa á porta,
Desliza por mim morta,
Na crua emoção.

O olhar caído na sombra
Que o levou á desgraça,
De ter tido a desonra,
Do seu nome esculpido na praça.


Poesias Inéditas


Proclamou a revolta
Por ter sido delatado,
Num caminhar sem volta,
De pelo nome ter pugnado.

As findas palavras
Que me concluem
O pensamento, esculpido e contado,
Nos últimos versos, enclaustrado.

O amor tingido no verso,
De sentimentos adversos,
Nos pensamentos contraditórios
Primados e notórios.


Latimpoli dos Santos

VI

Na fecunda união,
Da erudita geração.
De altos engenhos
E de profundos intentos.

Do reino da contemplação
Prevalecia a vontade,
Da luz da alusão
Á louvada tríade.

A musa que tráz o encanto
Cheia de luz e de canto
Dentro das gentes fundida
Da nau que mareava.


Poesias Inéditas


As noites foram passando
Na veloz conjura do tempo
Que nos foi aproximando,
Do Oriente, terra que vos prometo.

A costa banhada
Pelo imperador Oceânico,
Pelos ventos acanhada,
Da terra Lusitana.

O nobre Rei, de condados prometidos,
Por Oceanos conquistados
De caravelas construídas,
Por gentes ensoberbecidas.

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Poesias Inéditas

I

Trago comigo a verdade do pensamento,
Desencadeado no frescor da minha alma
Que corre como um rio isento,
Cheio de fado; cheio de palma.

A emoção contida na profundeza
Carrego-a para o fim do mundo,
Com a tamanha certeza de
Que morrerei bem lá no fundo.

Da janela te avistarei sombria,
Num quadro negro de ousadia.
As mãos que levarás ao peito
Sentir-se-ão carregadas do teu feito.


Poesias Inéditas


Cai misteriosa e esbelta,
Que iluminas todas as janelas,
Assombrosa nua e celta,
Trazes ao rubro toda a beleza singela.

Crescente e divinal na sua plenidão
Numa marcha lenta e libertina,
Nívea redonda bola suspensa de natrão.

E permaneço sentado á beira da janela
Olhando para ti, pura e bela.


Latimpoli dos Santos


Foram falsas promessas citadas,
Nas nossas vidas cruzadas.
Foram sorrisos abertos,
De calmos e afáveis afectos

De simples palavras rezadas,
Volveram-se em grandes cruzadas,
Nos olhares longínquos que trocamos
Abraços sentidos que desconsideramos.

Foram noites claras trocadas
Foi um adeus, desatado,
Em silvestres picardias
Reunidas em memória da tua alquimia.




Latimpoli dos Santos


Sublime distância que me corrói,
No ventre do meu ser,
Pensando sempre me destrói
Em virtude de o ser e de não o ter.

Ah! Quanta coisa em mim desejei.
Quantas palavras em vão!?
Quantos mundos em mim criei?
E o velhote calmamente me observa até então...

Inerte e vigoroso sentado na pedra,
Calmamente pensante espera...
E sempre que a noite o abate medra,
Na nobre meditação que esmera.



Poesias Inéditas


Depois de um adeus; uma volta,
De tormentos adormecidos dentro de nós,
Como imoles de pecados da revolta
Do invólucro seio da união.

O espelho que envolve o meu ser,
Vai-se dissipando no interior,
A luz que o vai tentando manter
Devém na névoa húmida que o vai conter.

A luz que ilumina,
Deveras cintilante e cristalina,
Reflecte-se na pedra
Como a cristandade do lítico.


Latimpoli dos Santos


Colhi a rosa no campo,
Por amor á verdade,
A cruz que carrego no entanto
Não tem qualquer cristandade.

Oh! Serras altas e firmes.
Oh! Vendavais de nevoeiros crespados,
Onde descem os serranos com os timbres
cheios de força e engenho alienados.

Faça-se o Sol ouvir a noite,
Que o espera tardiamente,
Chame-se o incandescente
E que este brandamente poise.



Poesias Inéditas


A bruma que vai a passar
Esconde-me a visão do tempo,
O mistério que vai naufragar
Pelo mar a dentro.

Um estrondo se ouviu,
No rugir do mar brando
Um vento que latiu
E que foi mutilando.

Naveguesse pelos mares a dentro
Cheios de alma e desejo,
Os homens que trazem o vento
Levam ao peito o ensejo.



Latimpoli dos Santos

II

Quantas palavras deixaste cair
Na noite chorosa e nua?
As mesmas palavras hão-de sair
Por detrás de cada Lua.

Trazes ao peito cravada a rosa negra
Cheia de soluços guardados,
Com sentimentos estilhaçados
Coberta de lágrimas entrelaçadas

Na noite severa e crua,
Me olhaste com despejo,
Vestida com a cor nua
Me chamaste com desejo.


Poesias Inéditas


Lá fora, aclamaste a minha volta,
Ouvi-te muda por dentro,
Lacraste em mi o sentimento
Que se tornou numa granjola.

A noite que me perseguiu o intento
Inesperado e fundamente
Anelado, cheio de vida e isento,
Que te ansiava descontenta mente...

Oh! Cruz da insensata cegueira,
Oh! tratantes dos desonrados céus,
Caminhareis para a fogueira
Sem que a mão vos salve de réus,


Latimpoli dos Santos


A ordem a que vós pertenceis
Virou as costas ao povo,
Pois nunca conhecereis
A verdade em que me envolvo,

Na fala mestra dos compreendidos,
Sobrevive a razão oculta:
Que poucos dela são entendidos
Senão daquela que vos insulta.

Pois vós caminhareis sempre
Numa agonia constante,
Num pensamento que centre
A vossa vontade irrelevante.

LATIMPOLI DOS SANTOS

Poesia
Atrás da palavra perdida
Sucede-se o lado da poesia